quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A eterna luta dos negros.

As formas de resistência negra, contra a escravidão e os maus tratos, revelam-se acentuadas em todo o percurso da história de nosso País. O Jornal gaúcho Echo do Sul, num 19/02/1862, divulga que uma escrava negra suicida-se, lançando-se num poço da casa onde era escravizada, pertencente a José Vicente Thibaut, figura conhecida na sociedade branca gaúcha, por ser dono e diretor do Colégio São José, o mais renomado à época. Em verdade, essa escrava, vinha apresentando uma séries de problemas de saúde, os quais foram ocultos, quando da sua "compra". Sabendo-se doente, e obrigada a trabalhar da mesma forma e intensidade, que outros escravos, a maltratada negra, optou por suicidar-se, como forma de resistencia à opressão dos senhores brancos. Thibaut "comprou" a escrava, num leilão, com o aval do vendedor, alegando que ela jamais sido vitima de qualquer doença grave. Na declaração, sobre a saude da escrava, constava somente um panarício (inflamação em torno da unha). A negra havia sido escrava do Dr. Meneses, que obrigou-a a declarar-se sadia, utilizando-se de castigos e sovas.
Ao suicidar-se, a escrava deixou uma herança complicada para seus "amos": para Thibaud, dono do colégio um imenso prejuízo moral. E para o Dr. Menezes, o fluir de seu caráter absolutamente desonesto.
Os negros escravos exerciam uma resistencia ferrenha aos seus senhorios. Uma lenda asseverar, como a história branca, que os escravos eram passivos. Eram incontáveis os métodos de resistência utilizados, tais como: Rebeliões mudas, intrigas, abortos, banzo, preguiça, mau-olhado, suicídios, assassinatos de capitães de mato, sabotagem ao trabalho, entre outras. Os escravos, com esses métodos, desafiavam e denunciavam seus amos, como no caso da negra, que se suicidou, deixando de ser tratada como um "animal", além de denunciar que os escravos eram obrigados a mentir, quando acometidos de enfemidades agudas. Ao morrer, segundo sua cruzada guerreira, "libertou-se", deixando de ser um mero objeto.
Utilizando-se dessa resistência, os negros escravos provocavam um aumento exacerbado dos gastos com segurança, e os impostos obtidos pelos resultados produtivos, já não agradavam o Estado, com isso, a classe escravagista, acabou dividindo-se:
Uma parcela, disposta a se libertar de forma urgente, do sistema de escravidão. E a outra, mais retrógrada, manteve-se amalgamada a ela.
No Vale do Paraíba, mesmo sabendo que a forma de plantação de café, em fileiras, nas encostas dos morros era inviável, pois a água da chuva, tornava o solo, absolutamente inviável, os donos das terras, mantinham esse método. Colhia-se somente uma vez. Mas eles insistiam em plantar, pois que achavam que obrigando os negros a realizar uma mão de obra mais desumana e árdua, evitariam que eles pudessem criar meios de resistir. Os plantadores imaginavam que em assim agindo, os escravos não poderiam se unir para tramar, nem fazer corpo mole, infiltrados pelos cafeeiros a planejar fugas e sabotar o trabalho. "Que se dane o solo, o que vale é salvar a produtividade". Essa era filosofia utilizada pelos escravagistas.
Essa forma de plantio, acabou por "matar" o solo da região. As cidades antes produtivas, em sua maioria, morreram.
Os negros a partir do momento, que passaram a perceber o êxito de suas estratégias, partiram para iniciativas mais ousadas. Passaram a fugir em grupos, para as regiões urbanas, onde mesclavam-se a outros. Ficava evidente o aumento dos gastos para os senhorios e impedir o exodo dos escravos, tornava-se inviável, absolutamente impossível.
Além das fugas, e tendo conhecimento dos prejuízos dos patrões, os negros passaram a ir e vir. Passaram a fazer reinvidicações, entre as quais o findar dos castigos, a exigência de mais comida, e principalmente a não "negociação" (sua venda), sem que os acompanhassem, mulher e filhos.
Enquanto isso, os quilombos tinham a sua capacidade de sobrevivência multiplicada, pois que começavam a produzir, a ter governo próprio e a comercializar de forma livre, além de garantirem estratégias próprias, que os possibilitava sempre que necessário, enfrentar e fazer guerras, mediante situações, que objetivassem o retorno do sofrimento.
Os quilombos cada vez mais cresciam. E suas populações, a maioria passando dos cinco mil moradores - como o do Jabaquara, por exemplo, com 10 mil moradores -, faziam com o que os capitães de mato, fugissem apavorados.
A escravidão acabou. Em 1887, o exército, "vazou" fora. Honra e glória, para os que em nome da liberdade, morreram para dar vida aos seus irmãos. Para aqueles que sabotaram as tarefas, i sub-humanas. Para aqueles que conversaram, tramaram, enquanto os açoites sibilivam em suas costas.
Hoje, o negro brasileiro ainda continua exercendo várias metodologias de resistência. Direitos iguais. Acesso às Faculdades. Acesso a empregos executivos. Força de aglutinação, sob a coordenação de várias frentes, que efetivamente reforçam os direitos dos Negros. Temos o direito ao voto e politizando-nos, obviamente chegamos a conclusão de nossa grandeza quantitativa, e cada vez mais, qualitativa. Enfim, nossa lida parece ser eterna. Mas somos tinhosos.
josemir (ao longo...)

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