segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

a proteger colibris

Pés descalços...
ainda assim perspasso a natureza dos frutos e flores,
que me observam.
Vou nu de corpo. Vou abjugado de alma.
Sento-me à sombra
tentando enlevar minhas intenções.
Hoje podemos sonhar,
empo houve que até os nossos sonhos foram aprisionados.
Menino ainda...
serelepe moleque, a saltar os estepes,com a facilidade dos felinos.
Menino sou, menina ainda és.
Morta jaz a maldade, pra quem discerne o canto.
Por isso, pés descalços, serelepe, canto solto.
Como fosse um albatroz a proteger colibris...

menino ainda...

Sou menino,
ainda do subúrbio, bairro pobre/nobre,
que se fazia próxima estação.
Um menino,
arroubo de pássaro.
Um dedo macerado no meio-fio.

se não estiver contigo...

Uma passagem, uma visão, um claror.
Descobri-me ao descobrir a fenda do tempo.
Nem sol, nem sussurros, nem vento.
Apenas o desterrar do destemor.
A linha tênue que nos desata do transato.
A janela que faz visível, mas que pra se fazer acessível
Exige-nos, nos faz adensados, compenetrados,
Realçados não no brilho arte das telas encantadas.
Mas o brilho da vida, às vezes opaco,
pois que nossos sentidos parcos
não conseguem ainda divisá-lo no todo.
Descobri feito um adonisado cavalheiro,
que abrolhava ali,
diante meus olhos,
uma imensa fonte de buscar, um denso e intenso regalo.

Ah, passagem estreita de crível inteiro.
Fez-me voar por esse denso solo
pra sentir-te, penetrar-me, enquanto me calo.
Não!
Jamais a poderei trespassar sozinho.
Não existe caminho só de um.
Voltarei.
Talvez ainda adeje por nenhures.
Mas esperarei.
Farei com que meu livramento,
seja maior que o momento,
quando grita minha euforia.
Tens que estar aqui comigo.
Eu do outro lado do tempo,
nada serei se não estiver contigo...